Vídeo mostra últimos registros do cachorro Joca vivo em Fortaleza antes de embarcar para Guarulhos

Imagens exibidas pelo Fantástico no domingo (28) mostram o animal após a chegada no Ceará

Escrito por Redação ,
Imagem de câmera de segurança mostra a caixa onde estava o cachorro Joca, no aeroporto de Fortaleza
Legenda: Imagens exibidas pelo Fantástico mostram
Foto: Reprodução/TV Globo

Joca, o cachorro que morreu durante o transporte aéreo da Gollog, empresa da Gol Linhas Aéreas, na segunda-feira (22), embarcou com vida de Fortaleza para São Paulo. Imagens obtidas pelo Fantástico e exibidas neste domingo (28) mostram as últimas imagens conhecidas do golden retriever vivo. A suspeita é de que a morte foi causada por uma parada cardiorrespiratória devido ao calor.

O pet deveria ter ido de São Paulo para Sinop (MT), onde o tutor o encontraria, mas foi colocado num avião com destino à capital cearense. Quando o erro foi percebido, a companhia aérea mandou o cachorro de volta para o Aeroporto Internacional de Guarulhos e o tutor o encontrou morto.

A empresa disponibilizou uma passagem para João Fantazzini, tutor de Joca, voltar a Guarulhos. Ao final do trajeto, o cachorro passaria quase dez horas na caixa em que foi transportado.

Joca, o cachorro golden retriever, vivo dentro de caixa laranja, com grades, da companhia aérea Gol
Legenda: Joca passou cerca de 40 minutos em Fortaleza e estava vivo quando entrou no avião com destino a Guarulhos
Foto: Reprodução/TV Globo

As imagens exibidas pelo Fantástico mostram a caixa de transporte com Joca passando a caminho do avião que o levaria para São Paulo. Às 12h38, a aeronave com o cachorro começa a sair.

O delegado da polícia cearense Wilson Camelo confirmou que Joca estava vivo quando entrou no avião com destino a Guarulhos e diz que ele passou cerca de 40 minutos em Fortaleza.

A polícia já ouviu informalmente cinco testemunhas, e a investigação busca elucidar se em algum momento Joca foi retirado da caixa. "Vamos confirmar essa linha de investigação com os depoimentos que ainda serão colhidos na próxima semana", afirmou à reportagem.

Joca morreu por uma parada cardiorrespiratória, e a suspeita é de que ela ocorreu por conta do calor. "Pelo fato de ter salivação no entorno, pode ser que houve ali realmente um caso de hipertermia, que é o calor excessivo. Mas a necrópsia vai conseguir elucidar isso", diz a veterinária que constatou o óbito.

“Aí eu o vi morto. Eu lembro que passei a mão nele, ele estava molhado”, conta Fantazzini, chorando, ao falar sobre o momento em que encontrou Joca.

Montagem com duas fotos verticais, uma ao lado da outra. Na imagem à esquerda, um funcionário coloca Joca, que está dentro de uma caixa laranja, no avião. Na foto à direita aparece o tutor de Joca sentado no chão, em frente à caixa, ao reencontrá-lo, já sem vida, em Guarulhos
Legenda: À esquerda, momento de embarque de Joca com destino a Guarulhos. À direita, João, tutor de Joca, encontra o cão já sem vida, em São Paulo
Foto: Reprodução/TV Globo

A veterinária ouvida pelo Fantástico, Rira Ericson, afirma que o ideal, nesses casos, seria ter controle mais preciso de temperatura. "O ideal realmente seria a gente ter um controle de climatização ou até mesmo um termômetro dentro da caixa", disse. "No mundo ideal", segundo ela, haveria uma pessoa acompanhando o animal.

Além disso, o tutor de Joca afirma que pagou R$ 2.400 pelo transporte e que a caixa onde o cachorro estava, da própria companhia aérea, não tinha identificação correta. As etiquetas traziam nomes de outros animais e havia referência a outras cidades.

ENTENDA O CASO

Joca, cachorro de 5 anos da raça Golden Retriever, morreu na segunda-feira (22) durante o transporte aéreo, após um erro no destino. Ele deveria ir de Guarulhos, em São Paulo, para Sinop, no Mato Grosso, onde era aguardado pelo tutor.

No entanto, Joca foi transportado para Fortaleza, no Ceará, por erro da empresa, e só depois foi levado de volta para o Aeroporto Internacional de Guarulhos.

A família do tutor acusa a empresa de não prover os cuidados necessários ao cachorro. Em vídeo divulgado por eles, o cachorro aparece bebendo água em uma garrafa de plástico através das grades do canil

João Fantazzini diz que, ao chegar a Sinop, chegou a perguntar onde poderia buscar o pet no espaço da Gollog, mas foi avisado que teria que voltar para São Paulo porque o animal tinha ido para Fortaleza.

Após retornar ao Aeroporto Internacional de Guarulhos, encontrou o cachorro morto dentro do canil da empresa. Segundo o atestado de óbito, Joca morreu por uma parada cardiorrespiratória.

A Gol alega que Joca recebeu cuidados da equipe em Fortaleza e que a morte ocorreu logo depois do pouso em Guarulhos. Segundo a empresa, o pet foi embarcado em um voo para Fortaleza "por uma falha operacional".

Em nota, a empresa ainda afirmou que registros do Joca sendo acomodado de volta na aeronave foram enviados ao tutor e que João escolheu voltar para Guarulhos para reencontrar o animal.

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A companhia também afirma estar oferecendo suporte ao tutor e estar apurando detalhes do ocorrido "com prioridade total". "Nos solidarizamos com o sofrimento do tutor do Joca. Entendemos a sua dor e lamentamos profundamente a perda do seu animal de estimação", encerra o comunicado.

Na última quarta-feira (24), a Gol suspendeu por 30 dias o serviço de transporte de cães e gatos para viagens no porão das aeronaves. O objetivo, segundo a empresa, é concluir o processo de investigação do caso.

Naquele mesmo dia, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou que um processo administrativo foi instaurado para apurar os motivos que levaram à morte de Joca. No comunicado, o órgão diz ter solicitado à Gol detalhes sobre as condições de transporte do animal, o envio para uma localidade diversa da contratada e as condições prestadas para a prestação desse tipo de serviço.

Neste domingo (28), houve protestos em diversos aeroportos brasileiros contra a falta de segurança para o transporte de animais nos voos. Nos atos, tutores de animais de estimação e ONGs de defesa animal pediam a mudança de regras de transporte de pets e punição para empresas que violam leis de proteção animal.

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